Dentre os papéis que assumimos temos a esposa esperta:
_ Mário Augusto, querido...fiz uma surpresa para você! Percebi o quanto você se irrita nas filas do pedágio que ontem aproveitando seu rodízio mandei instalar um “sem parar” no seu carro.. falsa.... porque instalar o dispositivo de passar direto pelo pedágio foi o que deu...se não fosse a falta de dinheiro teria instalado uma mini câmera, um serviço de transmissão direta de sons e imagem, monitoramento por radar e tal.....
O abobalhado fica todo feliz...até pensa:
_ Solange Lúcia nem é tão má assim.... nem a outra havia pensado nisso! ( Até porque a “outra” aproveita a paradinha no pedágio para abraçar, beijar...dar um cheiro na nuca, essas coisas que esposa não precisa fazer....)
Mário Augusto segue sossegado até a primeira fatura do "Sem Parar" quando Solange Lúcia constata que ele passou na Praça de São Roque, no feriado que disse que estava trabalhando em Araraquara, que atravessou a balsa do Guarujá quando estaria “confinado em um treinamento da empresa” e que ao chegar bronzeado ainda xingou o patrão de tudo que é nome por ter ficado na churrasqueira no almoço de confraternização de fim do curso.....
Fim de expediente, Mário Augusto exausto, triste, porque só teve tempo de tomar um cafezinho correndo com a outra, queria muito mais, queria ir passear com ela sob o luar lindo que estava aquela noite, e ela estava linda como sempre, com o olhar meio radiante, pedindo sua presença em silêncio... O único conforto de Mário Augusto seria chegar em casa e encontrar as crianças, tomar um banho como se a água quente lhe remetesse à sensação do contato da pele da sua amada, esquentar seu jantar no microondas (se houvesse um jantar para ele esquentar) e dormir....Solange Lúcia nos dias de semana ou tinha dor de cabeça ou fingia que já dormia, o que para ele era um alívio.
Estaciona o carro na garagem do condomínio, percebe que Solange Lúcia estacionou o carro dela a ponto de dificultar a manobra do dele... e segue para casa.
Mal gira a chave na porta e lá está ela no meio do corredor com um papel balançando na mão que com certeza não seriam as posições do kama Sutra nem uma proposta escrita para uma noite de sexo selvagem...
O pavor invade Mário Augusto: Seria um bilhete? Extrato do cartão de crédito? Que vacilada será que ele deu? Afunda-se no sofá, é o tempo que o papel lhe cai nas mãos como óleo fervente...
_ O que significa isso Máááário Auuuuguuuuussstoooooo? Você pensa que eu sou idiota?
_ Você acha qu ser casado é isso Mário Auguuuustooooo? Eu me matando de trabalhar? Me acabando dentro desta casa.
- Quais as desculpas você vai arrumar Mário Augusto?
- Até quando vão suas mentiras Mário Augusto?
- Mário Augusto?
A enorme vantagem é que não é preciso responder a nenhuma daquelas perguntas, não dá tempo. E essa é a técnica da esposa esperta, afinal de contas e se ele está de saco cheio a ponto da coragem ser maior que o medo e o susto e diz:
_ É isso mesmo, estou te traindo, não agüento mais essa vida, estava com minha amante!
Neste caso, de confissão explícita, Solange Lucia teria que tomar uma atitude. E o pedido de divórcio seria inevitável, mas separar? Nuuuuunnnncaaaaaaaaaa!
Torturar que é legal...
A essa altura Mário Augusto já estava arrependido de não ter um cavalo, de não ter optado por ser viado e fica se torturando ante o brilho radiante dos olhos da amante implorando em silêncio pela sua presença e o escandâlo da esposa ultrajada chorando lágrimas de crocodilo.
Na condição de ser torturado e humilhado, nem se dá conta que a amante lhe sorriu na despedida querendo chorar de saudade enquanto a esposa se esvaia em lágrimas morrendo de alegria íntima, ela havia conseguido! Afinal de contas os passeios furtivos de Mário Augusto, haviam acabado!.
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